segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

A Taça de Sangue

Vou ser aquilo que não sou pra ver a cara pasma que de quem só quis meu mal, vou ser o amargo que prometo, mas não faço, vou ser o vazio que já sou mas que escondo, vou ser a rebeldia e vou gargalhar feliz e vingativo, seja pra ela ou pra você ou pra qualquer outro ser que ousar reprimir e sufocar o meu ser intuitivo.

Se o que sou não basta, darei um basta no que sou pra te torturar até sua morte lenta, vou te torturar com minhas canções que saem da alma, alma leve que se fará pesada, tanto quanto o nada da sua escuridão que se nega a felicidade e nega acreditar na felicidade vizinha, vou te olhar com dó e compaixão e vou ser a trilha pra sua mais doce agonia e quando for dia vou te olhar morta em seu egoísmo e vou gargalhar como um capeta que te queima e ainda mais te queimará. O meu olhar penetrará a sua entranha podre.

Vou te dar o meu braço pra você chorar e quando me rogar consolo vou te desprezar e lembrará de tudo o que me fez passar, porque a batalha é ganha pra quem está predestinado a ganhar e neste seu jogo sujo você se sujará, vai bater na minha porta, já quase morta e estarei pronto pra te dar a punhalada no escuro e com teu sangue pintar meu muro pra ter a certeza de que ali você vai sempre voltar.

Brindemos! E que vença o melhor.

Felipe Oliveira

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Meu Iceberg se formando

Não diria que o amor morreu, se bem que às vezes me passa na mente que nem amor seja, sinto que talvez seja medo de estar só, mas sim, pode ser sim amor, mas isso só descobriria quando se desse o fim, quando percebesse que preciso daquela pessoa mais do que tudo, que sem ela meus passos são todos falsos, mas aí, ao mesmo tempo penso, não seria o amor exatamente o medo de estar só? E sendo assim, teria que dar o braço a torcer e assumir que sim é possível amar mais que uma vez, afinal, tendo medo de estar só iremos sempre procurar por alguém pra preencher esse vazio, essa solidão, alguém pra ser o amor o cúmplice.
Mas a grande questão é: como manter um relacionamento quando todo o encanto que existia dentro de você morre? Quando já não se confia na pessoa que se ama? Quando um ato por debaixo dos panos põe tudo a perder e você perdoa porque talvez valha à pena manter isso, mas daí o que procede são dias e dias assombrosos?
Complicado, pois não é possível enxergar um futuro sem a tal pessoa, mas o presente é tão tenebroso, tão cheio de hematomas e feridas que não cicatrizam nunca.Não é se privar de viver por causa das feridas do passado e sim admitir que a ferida do passado não foi só uma ferida que passando mertiolate sara, foi a morte de algo muito forte e importante dentro da vida a dois, aquela coisa de confiar ternamente na pessoa, é difícil, e mais difícil ainda chutar o balde, seja pra esquecer o passado e continuar ou pra esquecer o “nós” e por um fim em tudo, pois mesmo tentando sei que não é possível esquecer, as feridas estarão sempre me assombrando, e dizer que acabou quando do outro lado lágrimas caem em meio a voz falha que diz: “um fim agora é como estar escrevendo um livro e por uma vírgula e depois um ponto final, e entre essa vírgula e esse ponto final ficou faltando frases e frases talvez capítulos que tinham que ser continuados ainda...”
Enfim... Sei lá porque esse monte de asneira, a emoção já está fazendo da minha razão gato e sapato outra vez. Tudo o que eu queria ser é um iceberg, pra não estar exposto a tudo isso, um iceberg de sentimentos, uma pedra de gelo fria, muito fria e muito forte e resistente.



Felipe Oliveira

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Verdades Que se Partem

Não, não foi a vírgula que você me disse e que não gostei que me chateou, afinal, o mundo vive me dizendo virgulas que não gosto, aliás, são tantas que chegam a ser frases inteiras, um texto inteiro talvez, e no entanto, continuo seguindo, sempre seguindo, e seguindo, e seguindo sem saber pra onde, o que é mais bonito, não acha? Não é lindo seguir e seguir sem saber a que lugar isso vai te levar? E andar cansa tanto, venho percebendo isso, vejo em meu corpo os hematomas de tanto andar, e andar, e andar... Sinto meu corpo fadigado, minha mente cansada, meu coração batendo cada vez mais fraco, meu corpo está tombando, já não me sustenta... Quero sumir, pra um lugar qualquer, e viver somente comigo mesmo, eu e eu, não ter que me importar com família, amigos, amores, paixões, não quero mais, não quero mais nada disso, me jogar numa floresta imensa e me perder e deixar meu corpo morrer aos poucos.
Por enquanto, estou vivo, estou aqui sentado na frente da tela de um computador, olhando pra dentro de mim e vendo o tamanho do nada que vai ser formando, é tão grande, tão grande, por enquanto o nada está só lá dentro, mas ele cresce e cresce com uma velocidade enorme e logo estará exposto pra quem quiser ver, por enquanto ainda posso esconder este nada de todos.
Minhas músicas não me consolam mais, não tenho prazer em olhar o violão, não vejo mais prazer em abrir a boca e cantarolar as músicas do meu ídolo maior, minhas palavras não são mais facas afiadas que fere a quem me fere, hoje elas são facas afiadas que fere a mim mesmo, e dói, aliás, nem sei se dói mesmo, estou anestesiado agora, a fadiga do meu corpo cansado de seguir sem saber onde está indo é maior do que esta dor.
Estou indo, sempre indo, um dia chego no meio do nada e deixo meu corpo se acabar, como uma lesma que aos poucos vai sendo corroída pelo sal e se derrete no chão.
Lindo isso, não? Ahaha


Felipe Oliveira


Borrei a gravura na parede com borro de café,
Nem sei mais por onde seguem os meus pés
Fraco e cansado, mas sempre seguindo.
Esquivo-me de mim mesmo
Minto ao mundo, mostrando os dentes
Finjo alegria, sempre sorrindo.
Minto a mim também
Quando finjo que está tudo bem.
Mas a minha verdadeira arte
É esconder em todas as mentiras
Minhas verdades que se partem.


Felipe Oliveira

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Almejando o longe...

Estava ali ouvindo o disco do Barão Vermelho, Ao Vivo no Rock In Rio 85 e lendo a biografia do Barão Vermelho e aí fiquei pensando, se naquele tempo, há mais ou menos uns 30 anos atrás quando a tecnologia não era avançada, quando o sistema de gravação era bem complicado, quando os meios de divulgações de uma banda que começava eram quase nenhum, eles com seis meses de banda gravaram uma fita DEMO, aliás, demoníaca como julgou Ezequiel Neves, era um rock cru e de qualidade, era o Barão Vermelho, repito, uma banda que com seis meses fez uma gravação capaz de deixar Ezequiel Neves, critico de rock e produtor renomado, em êxtase, ao ponto de roubar a tal fita e levar aos estúdios da Som Livre onde depois de muita insistência convenceram João Araújo a fechar contrato e lançar o LP da banda, como se não bastasse o fato surpreendente da banda ter tão pouco tempo de estrada, a gravação do disco de estréia foi feita em apenas 48 horas, quem grava um disco em 48 horas? Só mesmo o Barão Vermelho. E daí eu me pergunto, se naquele tempo isso pôde acontecer, por que hoje com toda a facilidade que temos, eu não posso almejar que minha banda tenha um material pronto pra Junho? Hoje qualquer cidade tem um estúdio pra ensaios, um estúdio que faça uma gravação legal, hoje temos vários locais pra tocar voltados ao rock, hoje a internet é um meio de divulgação extremamente abrangente, e daí a gente fica almejando coisas tão pequenas?
Só se chega ao longe quem sonha longe, claro, sempre com a humildade de nunca tirar os pés do chão, mas sonhar é um passo pra se ter o que se quer, o outro passo é ir à luta. Cazuza dizia: ‘eu te avisei vai à luta’.
Eu não entendo, acredito que minhas letras são boas, que minhas músicas são boas, que os músicos que estão comigo são bons, e o que falta se não um pouco mais de empenho e um pouco mais de pressa? Sim, pressa, pois, não acredito nesse lance de que a pressa é a inimiga da perfeição, até porque, no mundo do rock nada é perfeito, e a pressa é uma grande aliada, tem muita gente esperando a hora chegar e a hora nunca chega, aliás, a hora vem e passa por você e quando você dá contas ela já foi e você ficou, o negócio é estar sempre apressado, sempre ansioso, sempre com uma sede enorme de alcançar o mais alto, só se chega ao topo quem está sempre almejando e lutando pra estar lá.

Felipe Oliveira

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Pouco, Muito Pouco

Meus discos não giram mais na vitrola, os livros empoeirados, enfileirados por ordem de tamanho, não vou forçar, está tudo fluindo bem, mesmo fora de sintonia, as oportunidades estão surgindo, músicas pra registrar, músicas pra ensaiar, músicas pra gravar, blues, blues rock, rock, indie, MPB, tem de tudo pra todos e em breve vocês poderão escolher, sei que não demora e minha hora vai chegar, posso pressentir no vento que sopra, vai acontecer sem ter que passar o carro na frente do boi, o que tiver que ser vai ser.
O nome da minha banda, o anuncio no jornal, o show marcado, a minha voz rouca e meio grave, embargada e coisa e tal.
Falta pouco, muito pouco, posso sentir.

Felipe Oliveira

domingo, 24 de janeiro de 2010

A Válvula de Escape

Hoje estive muito empolgado numa parte do meu dia, projeto com a banda que estou formando, uma composição nova, há muito eu não compunha, e até fiquei rascunhando num papel o repertório de um CD, quais músicas que são legais pra decidir como ‘músicas de trabalho’ quais músicas escolher pra fazer um CD demo e essas coisas, mesmo sabendo que minha banda tem muito que ensaiar e que gravar um CD influenciado em Rolling Stones, Barão Vermelho, Raul Seixas e tantas outras coisas boas, hoje em dia, é bem complicado, mas daí, quando cheguei em casa me deparei com uma realidade que não quero mais encarar, ainda mais sabendo que o que proporcionou isso tudo foi o erro de alguém que se diz adulto e experiente por ter seus quarenta anos, daí após uma discussão saiu esse texto aí.




Minha Válvula de Escape

Agora vivo perante duas realidades, o mundo lá fora belo e bonito, cheio de cores, amores, cheio de vida, minha liberdade, e o mundo aqui dentro, preto e branco e horroroso, se pego num lápis pra rascunhar num papel, há alguém por perto atrapalhando minha concentração, se preciso estar só há alguém sempre por perto, a porta que eu trancava e me isolava não existe mais, a vitrola que eu ligava pra me desconectar do resto da casa, agora está empoeirada na sala, sala esta que agora se transformou também em quarto, minha cama virou poltrona, meus materiais de trabalho agora é peça em exposição, meus cadernos estão à mostra pra quem quiser abrir, meu violão parado no canto exposto a arranhões, acidentes, quedas, ao pó, aliás, pó, que palavra não? Um pouco só agora talvez me fizesse bem, um pouco de auto-estima, um pouco de paz, um pouco do mais que eu tanto tive e agora não tenho.
Eu não tenho crenças, tenho o meu eu que levanta todo dia e segue seu caminho, que levanta todo dia pra viver a vida, pra levar tapa na cara e dar tapa na cara, pra amar e odiar, pra ser amado e odiado e disso tirar inspiração pra amanhã ganhar meu dinheiro.
Já dizia Cazuza, ‘vou forrar as paredes do meu quarto de miséria’.
E disse Renato Russo também, ‘se o mundo é mesmo parecido com o que vejo prefiro acreditar no mundo do meu jeito’, pois é, não vou mais ligar se todos dizem que o mundo que eu vivo é uma fantasia, pois deixe que seja, viver no mundo em que vocês todos vivem é que é uma tragédia, prefiro seguir meu caminho, torto que seja, vou seguir sempre, eu tenho os meus ideais, tenho meus amores, meus amigos e irmãos, tenho minhas fugas, meus escapes, se amanhã minha vida acabar é porque tinha mesmo que acabar, mas enquanto ela durar, vou fazer dela o que eu achar necessário pra ser feliz, pra encontrar quem sabe, minha válvula de escape.


Felipe Oliveira

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O Pouco, O Nada

O universo ao meu redor está pesado, está monótono, e tenho sede do novo, pegar o violão e tocar o que nunca ninguém tocou, pegar o papel e compor o que nunca ninguém compôs, pegar o microfone e berrar minha dor para o mundo ouvir, para o mundo sorrir.
Cansei de dar voltas em torno de mim mesmo, e estes meus sonhos que você não crê? Pra que servem? Pra que?
O mundo é uma bela máquina trituradora e devastadora, o mundo sufoca o que nós temos de melhor, onde está a música que preciso pra sobreviver?
Hoje sou novo pra ganhar os palcos e brilhar, porem velho pra estar parado, é cedo ainda pra ter minha casa, meu carro, mas é tão tarde e preciso de um trabalho.
Quer saber? Dane-se o mundo, só quero voltar a viver, pois, há muito que não sei o que é mesmo “viver”.



Felipe Oliveira


É cedo tão tarde
Minha garganta arde
minha voz sufocada
pede passagem
e não tem
e não veem
não veem nada além do nariz
ser feliz é mesmo complicado
o que levo ao meu lado
o que levo comigo
é tão pouco
é quase nada
mas é tudo
eu juro
é tudo, amigo.


Felipe Oliveira