Hoje estive muito empolgado numa parte do meu dia, projeto com a banda que estou formando, uma composição nova, há muito eu não compunha, e até fiquei rascunhando num papel o repertório de um CD, quais músicas que são legais pra decidir como ‘músicas de trabalho’ quais músicas escolher pra fazer um CD demo e essas coisas, mesmo sabendo que minha banda tem muito que ensaiar e que gravar um CD influenciado em Rolling Stones, Barão Vermelho, Raul Seixas e tantas outras coisas boas, hoje em dia, é bem complicado, mas daí, quando cheguei em casa me deparei com uma realidade que não quero mais encarar, ainda mais sabendo que o que proporcionou isso tudo foi o erro de alguém que se diz adulto e experiente por ter seus quarenta anos, daí após uma discussão saiu esse texto aí.
Minha Válvula de Escape
Agora vivo perante duas realidades, o mundo lá fora belo e bonito, cheio de cores, amores, cheio de vida, minha liberdade, e o mundo aqui dentro, preto e branco e horroroso, se pego num lápis pra rascunhar num papel, há alguém por perto atrapalhando minha concentração, se preciso estar só há alguém sempre por perto, a porta que eu trancava e me isolava não existe mais, a vitrola que eu ligava pra me desconectar do resto da casa, agora está empoeirada na sala, sala esta que agora se transformou também em quarto, minha cama virou poltrona, meus materiais de trabalho agora é peça em exposição, meus cadernos estão à mostra pra quem quiser abrir, meu violão parado no canto exposto a arranhões, acidentes, quedas, ao pó, aliás, pó, que palavra não? Um pouco só agora talvez me fizesse bem, um pouco de auto-estima, um pouco de paz, um pouco do mais que eu tanto tive e agora não tenho.
Eu não tenho crenças, tenho o meu eu que levanta todo dia e segue seu caminho, que levanta todo dia pra viver a vida, pra levar tapa na cara e dar tapa na cara, pra amar e odiar, pra ser amado e odiado e disso tirar inspiração pra amanhã ganhar meu dinheiro.
Já dizia Cazuza, ‘vou forrar as paredes do meu quarto de miséria’.
E disse Renato Russo também, ‘se o mundo é mesmo parecido com o que vejo prefiro acreditar no mundo do meu jeito’, pois é, não vou mais ligar se todos dizem que o mundo que eu vivo é uma fantasia, pois deixe que seja, viver no mundo em que vocês todos vivem é que é uma tragédia, prefiro seguir meu caminho, torto que seja, vou seguir sempre, eu tenho os meus ideais, tenho meus amores, meus amigos e irmãos, tenho minhas fugas, meus escapes, se amanhã minha vida acabar é porque tinha mesmo que acabar, mas enquanto ela durar, vou fazer dela o que eu achar necessário pra ser feliz, pra encontrar quem sabe, minha válvula de escape.
Felipe Oliveira